Quem Sou Eu
Eu sou quem você disser que eu sou.
A identidade só existe na presença do outro. É o outro que precisa da sua identidade; não você.
Por exemplo, quando a autoridade policial pede um documento de identidade, você apresenta não para si, mas para que o outro saiba quem você é.
Se você mora sozinho, nada em sua casa tem etiqueta com o seu nome. Não há necessidade. Mas, em uma geladeira compartilhada no trabalho, talvez precise etiquetar “almoço de Fulano” para que os outros identifiquem.
O outro sempre precisa da sua identidade. Se não a souber, inventa: um apelido, uma característica física, uma forma de te nomear.
Quando a identidade que fornecemos não faz sentido para o outro, ele pode ignorá-la e substituí-la por outra. Assim como numa etiqueta de computador: “Equipamento de Fulano” ou “Dispositivo de Fulano”. O objeto não escolhe se será chamado de equipamento ou dispositivo.
Mas pessoas têm sentimentos. Se o outro atribui a você uma identidade que te desagrada, isso fere. Você pode tentar convencê-lo a mudar, mas a decisão é dele.
O desfecho é simples: nossa identidade anda conosco, mas não nos pertence.
Quem sou eu? Eu sou quem você disser que eu sou.
2025-08-18